domingo, 19 de abril de 2015

Vazio

 Sempre fui uma pessoa vazia, no melhor sentido do termo. Sou vazio porque gosto de me encher, gosto de ter espaço em mim para pôr coisas novas, e em seguida jogá-las fora. Mas algumas coisas que me preenchiam, pararam de me satisfazer; Talvez tenha crescido, talvez elas não sejam mais suficientes para chegar ao topo de mim, e me transbordar.

 Durante muito tempo fingi estar cheio. Foram noites e noites de sorrisos falsos, de motivos pra ficar sozinho por cinco minutos dentro daquele lugar cheio de gente cheia demais, de muita disponibilidade pro outro e nada pra mim. A pior dor que existe é a do fingimento. Não deveria ser assim. Não é sadio aplacar as dores da vida em veneno pra alma. 


 Apoiei minhas fraquezas em coisas(e pessoas) que mal se sustentam por conta própria. Não é culpa de ninguém, não há crime, há apenas falta de sabedoria e desespero. Acompanhado do erro vem a vergonha, ser fraco nunca foi o meu forte.

 Eufemizei na minha própria cabeça atitudes de pessoas que deveriam ser meus cúmplices. Fingi não ver, não entender, não sentir a maldade em cada palavra. Sou breve, não há tempo para meias amizades, para amores de estado alcoólico, para "te amo, mas...". Não vou continuar não vendo, e muito menos me obrigando.

 Vivi o drama de amigos que fizeram escolhas, uns de forma branda, outros de forma caótica, mas que escolheram sair. Parece que quando você resolve se desfiliar da ceita, você é jogado aos leões; Não os serve mais, não os cheira bem.

 Há de ser necessário bravura para meter o pé na porta e sair, mesmo ciente das consequências. Mas estou descobrindo que é(talvez até mais) necessário se ter a bravura pra segurar a porta e ficar dentro, quietinho, tomar as rédeas da sua vida. Conforme os anos passam, algumas coisas deixam de fazer sentido.