quinta-feira, 27 de março de 2014

It's now or... now.

 O que aconteceu com aquele garoto de 16 anos que se apaixonou pelo palco no dia 1° de Setembro de 2010? O que aconteceu com aquele garoto que encontrou na dança o maior prazer que já havia experimentado em toda a vida? O que aconteceu com aquele corpo que não se deixava contaminar, e que  se dedicava totalmente à sua arte? O que aconteceu com aquele coração que batia mais forte toda vez que pisava no linóleo, como se fosse o momento da sua vida? O que aconteceu com aquele cérebro que queimava em planos toda vez que era tomado pela magia que fluía pelos fones de ouvido? O que aconteceu com aqueles pés que não conseguiam se manter parados mesmo em lugares inapropriados? O que aconteceu com todos aqueles planos? Pra que serviram todas aquelas lágrimas que foram sacrificadas em nome do amor maior?

 O corpo se encontra fétido e sendo negligenciado a todo momento em troca do conforto da desistência superficial. O coração encontra-se cansado e batendo cada vez menos intensamente, por não ter mais toda aquela adrenalina que um dia o motivou a seguir em frente e levantar da cama para VIVER mais um dia. O cérebro encontra-se conformado, da pior maneira possível, com a realidade que o foi imposta... Os pés continuam famintos, mas agora estão calados, cauterizados e amarrados. Os planos foram esquecidos por não haver mais espaço para tanta frustração. As lágrimas são as únicas que continuam aqui, intactas, e a cada dia mais me envergonhando por não conseguir contê-las. O garoto de 16 anos cresceu, cresceu demais, e chegou a um ponto em que a vida parou de crescer com ele, e sua cabeça tocou o teto, o que o impediu de prosseguir. 

"I'm gonna make it, I'm gonna be a star, you know why? Because... I have nothing left to lose." 

 É surreal como a vida parece imitar a arte. Inúmeras vezes me permiti desfazer em prantos ouvindo essa frase, e pensava que ela fazia total sentido pra mim, mas não. Precisei perder força, família, sonhos, planos, a fé em mim, pra então ver que eu não tenho absolutamente mais NADA a perder. Não existe caminho para baixo, não há o que fazer além de ficar parado.

 Sei que algumas pessoas muito especiais depositaram fé em mim, me apoiaram de uma forma linda, e eu simplesmente desisti. Então não quero prometer mais nada. Chega de anúncios, chega de decepções, chega de falácia vazia de sentido e repleta de sentimentalismo barato.

 Posso mentir pro mundo, mas não pra mim. Aquele garoto ainda está aqui, e ele está cansado do cansaço. Vou seguir pelo caminho menos óbvio dessa vez. Chegou a hora de parar de culpar a vida pela minha negligência. 

domingo, 23 de março de 2014

Singularidade

 Acho que essa inconstância afetiva denuncia acidentalmente o desespero que reside no ato de contemplar a realidade de, na verdade, nunca ter tido algo real.

 Faz tempo que não posso afirmar com total certeza se realmente já tive contato com essa coisa tão almejada. Na última vez não acabou bem, e talvez por isso o ser sensato que ̶é̶ ̶a̶p̶r̶i̶s̶i̶o̶n̶a̶d̶o̶ reside dentro de mim insiste em repetir o ciclo: encontrar, ligar, encontrar um bom motivo, desligar. Imagino que seja um mecanismo de auto defesa, compreende? Uma forma de manter a distância segura para que ninguém mais entre aqui e bagunce tudo. Parece poesia, mas é tortura.

 Com o passar do tempo comecei a pôr em dúvida a credibilidade dos meus sentimentos. É inevitável o ato de desconfiar de algo tão inconstante. O mais sádico é que isso me excita emocionalmente... não sei explicar, mas não consigo me frustrar a ponto de não mais tentar.

 Não ajuda em nada ser como eu sou; Tenho uma atração natural pelo que não pode ser feito. Juro pela minha integridade moral que isso não é intencional, mas eu sigo um fluxo natural, e quando percebo, já me encontro novamente naquele tipo de situação que jurei nunca mais entrar. Talvez o fácil seja banal demais para alguém como eu.

 Então, talvez essa seja a ordem das coisas, pelo menos pra mim. Continuarei aqui satisfazendo as necessidades dessa minha singularidade, até que um dia o Universo e os fatos se encaixem de uma forma em que finalmente poderei dizer que agora eu posso ficar.

quinta-feira, 20 de março de 2014

Indescritível

 Somos nós dois. Eu e ela rodeados de gente, mas sozinhos. Como uma estória bem contada que soa linda a ouvidos(e almas) destreinados, mas que na vida real seria cruel. Me sinto ligado a esse ser como se houvesse um magnetismo que não me permite permanecer afastado, que não pode ser anulado. Consigo sentir com precisão seus conflitos, suas agonias e muito raramente, sua felicidade. Sou parte dela porque assim a natureza quis, ela é parte de mim porque assim o universo deseja; Não consigo não ser. 

 Compartilhamos muita coisa nessa vida; Alegria, medo, agonia, euforia, fé, confusões, esperança, raiva, fome, energia. Passamos do que era passível de ser considerado normal, porque nos dias atuais, o normal é o contrário. Não me surpreende mais acontecimentos como rios de lágrimas que me ocorrem em meio a dias normais, aparentemente sem motivos, mas que na verdade, são um aviso de que está na hora de voltar pra casa porque alguém precisa de mim. Por mais que o mundo tente nos cauterizar, estamos juntos. Por mais que lutemos conta isso, estamos juntos. Por mais que a ignorância humana(não me refiro a cultura, mas a alma) edifique barreiras entre nós, existe algo mais forte, algo que nós preservamos e sempre nos manterá conectados. Ela se encontra além de paradigmas, luta bravamente. Ela é linda, é rainha, indescritível. Ela me deu a luz.

quarta-feira, 12 de março de 2014

A Simplicidade da Felicidade (:

 Hoje enquanto contemplava meu mantra sagrado(vulgo Projeto Agridoce), tive uma epifania que me fez questionar grande parte da minha trajetória até aqui. Me peguei pensando se os meus sonhos eram realmente meus. 

 Não é novidade o fato de que o Sistema tenta nos controlar de inúmeras formas, mas nunca havia me atentado a possibilidade de que algumas pessoas tem até seus sonhos controlados. Muita gente por aí apenas reproduz e adapta ideias pré fabricadas do que é felicidade.

 Pude pegar como exemplo membros do meu círculo social que almejam(alguns, há anos) incessantemente alcançar certo patamar social, certos bens materiais; Não vejo nada de errado nisso, a questão é que muito provavelmente essas pessoas nunca se questionaram sobre o que tem adotado como plano de vida. Os controladores usam da força de vontade humana para impulsionar e motivar cada vez mais pessoas a almejarem crescimento profissional e financeiro, mesmo sabendo que pouquíssimos um dia alcançarão tais conquistas. Mas por que? Pelo simples fato de que a luta das massas por uma "vida melhor" gera cada vez mais dinheiro para quem está no poder.


 A minha intenção não é desmotivar ninguém, de forma alguma! Pelo contrário, quero desafiar você a repensar de forma crítica o que tem planejado pra si quando deita a cabeça no travesseiro antes de dormir. Tente se lembrar das pequenas coisas que lhe fazem sorrir inconscientemente, duvido que alguma delas esteja diretamente relacionada à busca por bens materiais.

 Pra mim, felicidade é dormir em paz, sem preocupação com a queda da produção da empresa; É ter pouco, e se sentir bem por ter o suficiente; É chegar a conclusão de que a experiencia vivencial é infinitamente mais próxima da sensação de pés sujos de lama do que do prazer em comprar. A minha paz de espírito reside em colchas remendadas, dias chuvosos, e até em goteiras. Me sinto mais motivado a ver uma árvore crescer comigo do que a comprar o carro do ano. Meu cachorro é dono dos meus sorrisos, não o gerente do banco. 

 Sou apenas um aprendiz, não posso lhe dar ensinamentos, mas se puder aceitar meu conselho ficarei feliz. Questione a validade dessa vida mecânica que estão lhe vendendo, pergunte-se quem realmente "ganhará" com isso. Tenha certeza de que este sonho é seu antes de lutar por ele. O dinheiro não pode trazer felicidade(sou a prova viva disso), mas a felicidade sempre lhe trará valor.

sábado, 8 de março de 2014

Fluxograma


"Fluxograma é um tipo de diagrama, e pode ser entendido como uma representação esquemática de um processo, muitas vezes feito através de gráficos que ilustram de forma descomplicada a transição de informações entre os elementos que o compõem, ou seja, fluxograma é um gráfico que demonstra a sequência operacional do desenvolvimento de um processo, o qual caracteriza: o trabalho que está sendo realizado, o tempo necessário para sua realização, a distância percorrida pelos documentos, quem está realizando o trabalho e como ele flui entre os participantes deste processo."


 Viu? O mundo! É isso que a gente faz quando chega nessa idade em que temos que esquematizar o nosso plano de vida. Nascemos, aprendemos a andar e falar, logo em seguida, aprendemos como "devemos" falar; A etapa seguinte é a de adestramento, somos orientados a não causar desconforto social e a considerar boa a ideia de ser homogêneo. O próximo passo é a programação do indivíduo para que ele almeje aquele plano de vida "correto": estudar, trabalhar, gerar dinheiro, comprar um carro, uma casa, casar, ter filhos e recomeçar todo o processo na nova geração.

 Tentaram me fazer seguir uma religião em troca do não-sofrimento-eterno, não deu certo; Por que imaginam que eu seguiria um fluxograma tão banal quanto esse? Não vou, e gostaria que você também não o fizesse. Porque somos complexos demais para acabarmos sendo acomodados nesse molde. Cada pessoa traz consigo inúmeras possibilidades em potencial, mas grande parte desse potencial é desperdiçado, porque o que não cabe no molde, meu amigo, é cortado. E muita gente acha justo pagar esse preço simplesmente pra não ter o trabalho de pensar em ser diferente.

 Como tudo o que diz respeito à contrariar o pensamento geral, viver fora do molde não é fácil, porém, imagino que seja mais doloroso viver com a consciência pesada por ter deixado lhe amputarem as pernas e braços em troca de aceitação. Não sou ciente da minha capacidade, mas sou ciente do meu potencial e não permitirei que o Mundo limite tudo o que eu posso ser.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Como Incenso a Céu Aberto

 Sempre tive anseios mornos, sempre me senti aconchegado no simples, sempre precisei de pouco; Talvez por medo das correntes contrárias, durante anos insisti em reverter a minha consciência a ponto de declarar a mim que não aceitaria menos do mundo. Mas ao mesmo tempo, estava declarando que aceitaria menos de mim. 

 De quanto eu preciso pra ser feliz? Quanto precisarei afirmar(e reafirmar) a minha felicidade e sucesso para que finalmente ache válido ter consumido tanto oxigênio nesses 19 anos? Pouco, muito pouco. 

 Eu percebi que o muito muda as pessoas, o muito, as vezes, é demais. No meu caso, sempre. É simples e orgânico o processo que me afasta do grandioso. Minha natureza é abstrata como um mosaico multi color, porém as minhas cores não variam de tom. Sou contínuo e simples, porque assim a minha essência é mantida em uma dose concentrada; Em contraponto a calmaria, não aprecio coisas diluídas.

 Deixar se levar e desperdiçar sua essência na tentativa louca e mecânica de conseguir o muito, é como ser um incenso a céu aberto; É sabido que tal fumaça traz consigo um incrível perfume, mas por causa das correntes excessivas(e agressivas), não pode-se contemplar toda a sua magia. Talvez a única forma de felicidade resida na capacidade de sentir o que se está exalando.

 Me sinto próximo de mim em locais que não me permitem ser maior. Me sinto seguro no meu próprio útero. Me sinto como se ainda fosse uma criança sendo cuidada, longe de riscos. Talvez eu seja pouco.

domingo, 2 de março de 2014

Ninguém Além de Mim

Lição do dia: Não existe fortaleza mais segura do que a própria mente; A sua psique é capaz de te destruir, mas em contraponto, é a única coisa no mundo capaz de impedir que alguém te destrua.

 Por vezes torna-se explícita a maleabilidade da vida, e essa característica da existência faz com que aqueles que não se apoiam em si acabem caindo da prancha com o balanço da haste vivencial na qual nós orbitamos.

 Nada nem ninguém é capaz de conturbar por longo tempo uma pessoa que se encontra firmada dos próprios pés(ou asas), isso porque esse tipo de pessoa não precisa de nada que venha de fora para se sentir forte. Como de costume, a vida acabou de me mostrar que sempre há uma forma de surpreender aqueles que insistem em respirar.

 Só eu sei da minha força, só eu sei do meu caráter, só eu sei contra o que eu luto diariamente, então não me soa lúcida a ideia de que alguém além de mim valorize tais coisas em tempo integral. Como disse, o balançar da vida é inevitável, o enjoo é consequência, mas a queda é escolha; Me recuso a permitir que qualquer negatividade ou palavras maldosas penetrem no meu ser; Não cheguei até aqui pra cair no mar. Não cheguei até aqui pra aparecer nos noticiários sociais como aquele que não encontrou o próprio equilíbrio. Não sou estatística. Reafirmo que me recuso a precisar de qualquer coisa além de mim pra seguir em frente.