domingo, 26 de outubro de 2014

Memórias


"Destruição é uma forma de criação", é o que diz essa aparentemente vaga frase, mas que se instalou como um parasita no meu acervo de consolos instantâneos.

Sinto falta de coisas que não sei se vivi, ou se as criei para conseguir seguir em frente acreditando, e fingindo acreditar, que tudo isso valerá a pena.

Não estou falando de forma figurativa; Eu realmente perdi a habilidade de discernir memórias e vontades. Não sei mais o que poderia ser, e o que foi.

O desespero não me atinge porque talvez eu saiba o que está acontecendo. As circunstâncias criaram um ambiente avassalador, que me fez desassociar de tudo o que me faz mal, e que foi me destruindo aos poucos. 

Não havia contemplado antes com tamanha nitidez o quão possível é a coexistência de duas forças opostas. A pele descamada se desprende para dar lugar a um tecido saudável, cinzas de árvores queimadas são um nutriente para o crescimento de novas árvores, a vida que destruiu o indivíduo que eu fui, sempre esteve construindo outro.

É inevitável, algumas pessoas estão condenadas a viver de uma forma pouco comum. Uns enlouquecem, outros tentam entender os sintomas, eu encontrei a paz que eu precisava para seguir o meu caminho.

Não sei se pela sorte ou pelo acaso, mas percebo que sou um dos escolhidos. Já tive medo disso, as primeiras impressões foram assustadoras; Mas não vejo mais pejoratividade na minha realidade. A cada dia me convenço de que não sou um réu, sou um rei.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Mergulho Vertical

 Tenho procurado em pessoas uma profundidade que me caiba, mas quase nunca acho. Preciso de alguém que me deixe entrar, e que me comporte de uma forma que não me esmague os dedos nem os cotovelos. A única coisa recorrente nesse cenário é o vislumbre de boas pessoas, porém rasas.

 Rasas demais pra abrigar as minhas ideias; Rasas demais para abrigar as minhas inseguranças; Rasas demais para satisfazer a minha necessidade por espaço; Rasas demais para compreender o meu espírito cigano. Rasas demais para armazenar tudo o que é necessário para me fazer ficar.

 É desesperador, admito, pensar em viver em um mundo feito de poças; Um lugar onde não podemos mergulhar em nada quando a realidade chega intensa demais e nos queima a pele. A lógica dos fatos não é otimista, ela nos introduz, uma ideia por vez, a um mundo plástico e árido. Por isso precisamos nos atentar para o que queremos ser, para que sejamos abundantes em nós.

 Não são filtros no instagram, ou qualquer outra coisa externa que te faz ímpar. O visual é apenas o filete que forma o espelho d'água no mar da vida. Há um universo acima disso, porque nós mergulhamos para cima. Mergulhamos para todas as possibilidades que há e que um dia hão de ser.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Por que não?

 Experiências vivenciadas da forma mais plena possível são o único registro que marcamos na nossa breve passagem pela vida. Somos fragmentos de tudo o que somos e principalmente de tudo o que podemos ser.

 Cada indivíduo traz consigo uma infinidade de momentos que confirmam o valor de cada fôlego tomado; Nos construímos a cada dia com pedaços de vida que colhemos pela nossa estrada. Somos absolutamente nada sem o que fomos. Então por que não ser?

 A hesitação é a maior inimiga da liberdade, e a liberdade é a maior aliada da experimentação. Quando deixamos de hesitar, nos permitimos mergulhar na liberdade que nos leva a experimentar a vida em sua maior pureza. 

 As possibilidades são infinitas, e o tempo é curto demais para deixar de agir por medo das consequências, porque a morte é a maior delas e nem se corrêssemos mais rápido do que a velocidade da luz conseguiríamos fugir dela.

 A maior parte das pessoas se prende ao medo e ao fundamentalismo para eufemizar a sua covardia. Se perguntam por quê deveriam fazer tal coisa, se podem simplesmente não fazê-la. Então eu vou contra a maré, e sempre que me encontro na dúvida, me pergunto: Por que não? Por que não fazer? Por que não tentar? Por que não aproveitar a maior(e talvez única) dádiva que é estar vivo?

 A vida é um parque de diversões feito de ilimitadas atrações, não é são passar todo o tempo em uma só área, em um só brinquedo. Se há uma missão no intrínseco sentido da vida de cada um, tal missão está ligada a livre experimentação da vida. Da energia necessária para lutar contra tudo o que te prende ao medo.

Por que não ser feliz?