segunda-feira, 28 de maio de 2012

Ácido


 Não conseguir manter um sonho de pé por mais de um mês é um problema. Desconfio que talvez esteja firmando meu sonho em um lugar instável demais para mantê-lo, talvez eu esteja o guardando em uma bolha de sabão. Ele ainda está em mim, e não está morto; Enquanto eu fico sentado olhando a vida passar, ele agoniza e se contorce tentando chamar a minha atenção, tentando me lembrar de que eu sou feito de sonhos, tentando me fazer ter coragem de dar um passo adiante, de não desistir.  
  Ele está em mim, porque sou eu. É como tentar amenizar o sintoma, mas a causa não pode ser tratada, a causa sou eu, ou a covardia. Só eu sei o que é a dor de se ter algo apodrecendo dentro de si, nunca para. Um desejo tão grande assim pode ser tão letal quanto uma dose grande de ácido, te queima e te destrói lentamente por dentro. Eu morri umas cem vezes desde quando voltei a esse estágio de rejeição.  
 Viver não é simplesmente respiar, pra que uma vida aconteça é necessário que algumas coisas não faltem. Me encontro simplesmente preso a um estado de zumbificação, eu respiro, mas já não sonho mais; Isso equivale a morte. E sinceramente, não me lembro como é estar vivo. 


*Originalmente escrito em 08/05/2012